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Gêmeas: Mórbida Semelhança

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Elliot e Beverly Mantle são gêmeas que compartilham tudo: drogas, amantes e um desejo desenfreado de fazer qualquer coisa—até ir além dos limites da ética médica—para desafiar as práticas antiquadas e pôr a saúde da mulher em primeiro plano.

Por isso, a minissérie Gêmeas: Mórbida Semelhança, do Prime Video, tem uma missão ingrata: reimaginar um dos grandes clássicos do cineasta, lançado em 1988. No filme, Jeremy Irons interpreta os irmãos Elliot e Beverly Mantle, dois ginecologistas que são assustadoramente iguais e diferentes, tudo ao mesmo tempo. A nova versão tem o grande mérito de subverter o conto original para mergulhar mais profundamente no terror que provoca. Sai de cena Irons e entra Rachel Weisz (vencedora do Oscar por O Jardineiro Fiel) – e, além da troca de gênero, há também a mudança de especialidade: as protagonistas agora são obstetras.

Beverly, a gêmea séria e discreta, tem o sonho de criar uma clínica onde as mulheres possam ter um tratamento mais respeitoso e digno. Já Elliot, a gêmea “má” que abusa das drogas, quer expandir sua pesquisa (ilegal) sobre fertilidade e reprodução humana. Não é apenas isso que elas dividem. De certa forma, as Mantle – tal qual na versão de Cronenberg – não vivem separadas. São metades da mesma pessoa.

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Dois acontecimentos mudam esse caminho. O primeiro é que ambas conseguem o investimento para abrirem a clínica. Ao mesmo tempo, Beverly se apaixona por uma atriz famosa, Genevieve (Britne Oldford), com quem resolve ter um filho – quebrando o equilíbrio entre as irmãs. Logo no primeiro episódio, somos apresentados ao dia a dia delas, com partos normais, cesarianas, incisões de Pfannenstiel e sangue. A repulsa para o espectador não vem da morte exagerada de alguém em cena, mas sim de registros realísticos – ainda que fortes e violentos. Com tudo isso, vem também o design de produção – que cria um ambiente frio e intimidador onde deveria haver humanidade.

Esse é o primeiro grande terror de Gêmeas: acompanhar uma especialidade da medicina (criada a partir do abuso de uma mulher escravizada (chamada Anarcha Westcott)), que pouco evoluiu em séculos e que se vale do (necessário) respeito à vida para justificar a violação de corpos femininos. A isso somam-se debates sobre o ambiente hospitalar, o preparo dos profissionais da área, o limite da ciência e o aborto.

Sem medo da polêmica, o roteiro joga na cara de Beverly a sua hipocrisia – e, talvez, a do próprio espectador. Afinal, a investidora Rebecca Parker (Jennifer Ehle) não tem papas na língua para criticar o idealismo da obstetra e de outros que querem mudar o sistema enquanto se fazem valer dele. Isso cria uma obra provocativa e inquietante. Os diálogos são tão desconfortáveis quanto as cenas obstétricas. As falas nos fazem olhar para nós mesmos, nos questionando sobre o que pensamos e acreditamos. De certa forma, todos temos um pouco Beverly, um pouco Elliot: cínicos e idealistas. Quando olhamos no espelho, vemos a nossa exata e desonesta duplicata – ou a nossa melhor versão. Sentimos inveja do que não somos e repulsa do que somos.